A democratização progressiva do acesso ao ensino superior modificou estruturalmente a sua população e trouxe novos desafios à docência. A transformação das práticas pedagógicas é um desses desafios, com a adoção de métodos de aprendizagem ativa e a promoção do desenvolvimento de competências transversais no ensino, valorizando a formulação de problemas, o desenvolvimento da interrogação e do pensamento crítico. Este contexto tornou mais evidente a necessidade e urgência de se encontrarem medidas institucionais de apoio ao ensino e à aprendizagem e de se investir na formação pedagógica para o exercício profissional docente no ensino superior, quer à entrada na carreira, quer como apoio continuado ao desenvolvimento profissional. Em todo o mundo tem existido significativa experimentação e investigação pedagógica no ensino superior, destacando-se a tendência, nos anos mais recentes, para a obrigatoriedade da formação pedagógica.

Nesta linha de trabalho, procura-se explorar modalidades de formação pedagógica, assim como práticas e estratégias de apoio ao seu desenvolvimento profissional docente  a nível institucional.

O ensino superior desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das sociedades, na formação de profissionais para o mercado de trabalho e na produção de conhecimento. As políticas definidas  em diferentes escalas - transnacional, nacional e local - são determinantes para o que  se entende por qualidade, acessibilidade e docência numa determinada temporalidade e geografia.  Assumem igualmente notória centralidade as políticas de internacionalização,  refletindo-se nos modos de ensinar e aprender, ao mesmo tempo que vêm enquadrando a profissão docente e  as políticas de acesso à profissão, qualificação e formação docente.

Nesta linha de trabalho, procura-se explorar  os cenários em que as políticas de ensino superior emergem, bem como os atores (estatais e não estatais) que nelas intervêm e as  ideias que são difundidas em diferentes fóruns.

Existe uma noção generalizada que os sistemas educativos devem dotar os alunos de aptidões e competências que lhes permitam fazer face a um mundo em constante mudança. Nas orientações educativas dos organismos internacionais faz-se frequentemente referência a aptidões como o pensamento crítico, resolução de problemas, competências de colaboração, inovação, literacia digital e adaptabilidade. Importa problematizar  as estratégias pedagógicas destinadas ao desenvolvimento dessas aptidões e competências.

Nesta linha de trabalho pretende-se explorar a interseção entre abordagens centradas no estudante e paradigmas educacionais em transformação, questionando, analisando e discutindo criticamente práticas e estudos de caso, bem como o potencial transformador da inovação pedagógica, enfatizando o seu papel fundamental na configuração do futuro do ensino superior.

As tecnologias digitais estão associadas a mudanças substanciais em diferentes setores de atividade. Uma profusão de plataformas de gestão, ambientes virtuais, apps, webtools têm vindo a ser desenvolvidos e disseminados, com implicações não apenas nos modos como se ensina, mas, igualmente, nas práticas docentes. Mais recentemente, a democratização do acesso a soluções baseadas em Inteligência Artificial tem conduzido à necessidade de repensar com seriedade os processos autorais e de avaliação, a automatização, a personalização da experiência de aprendizagem. Isto sem esquecer a expansão das lógicas analíticas e as questões financeiras e éticas a elas associadas. 

Nesta linha de trabalho procura-se reflectir criticamente sobre as affordances, os custos e os requisitos estabelecidos e a estabelecer  para tirar partido do Digital no ensino superior, analisando  práticas atuais e antecipando futuros contextos. 

A expansão do ensino superior ao longo das últimas décadas em todos os países significa o aumento do número de estudantes e a sua crescente diversidade nos planos socioeconómico, etário e cultural. A pluralidade de conhecimentos prévios e de expectativas relativamente à frequência do ensino superior exige que professores  e instituições encontrem novos modos de promover a aprendizagem dos estudantes. As preocupações com a promoção da equidade e da inclusão educativa nas sociedades democráticas em que vivemos impõem que os professores analisem e reflitam sobre modos de trabalho pedagógico para acolher e integrar estudantes cada vez mais diversos nas suas origens e percursos académicos. 

Nesta linha de trabalho pretende-se reunir um conjunto de comunicações que tenham em conta a diversidade estudantil e assumam o imperativo da inclusão educativa para apresentar, debater e analisar criticamente modos de trabalho docente que  contribuam para democratizar o acesso e o sucesso de todos os estudantes no ensino superior.

A docência universitária é uma realidade complexa e multifacetada, com um vasto leque de visões e análises. O nosso congresso, embora estabeleça alguns eixos temáticos privilegiados, não pretende excluir nenhuma dessas perspectivas únicas e valiosas que podem enriquecer a nossa troca de ideias e experiências. Também são bem-vindas as contribuições daqueles que estão a desenvolver trabalhos ou inovações que não se enquadram nos eixos temáticos acima mencionados, que integraríamos neste eixo aberto e plural.